janeiro 10, 2008

O Encontro...


Por cada Onda que quebra na Praia, outra nasce lá bem longe no meio do Mar.

Tsu era uma Onda que teimava em não quebrar numa qualquer Praia, precorria os Mares de com a força de quem segue um caminho traçado por si, sem desvios nem atalhos.

Era noite de Lua cheia, na Praia poucos de lembravam de ter ancorado nas suas areias um barco de faz-de-conta com velas de sonhos, nem de um Pirata , nem de uma Menina Lua...

Lá longe no meio do Mar Tsu avançava indomavel para mais uma das suas viagens rumo ao Sul, quando de repente atravessou-se no seu caminho uma casquinha de noz estranha, com velas estranhas que faziam lembrar sonhos.

Tsu não passsou ao largo e resolveu investigar, colocou-se junto a dele embarcação, observando quem ao leme ia.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quando viu aquela casquinha de noz atravessar-se no seu caminho, a primeira reacção de Tsu foi fugir, ou melhor, contornar a casquinha e continuar o seu caminho. Já antes da casquinha ir ao seu encontro, Tsu tinha avistado algo, que por estar longe, não conseguia perceber o que poderia ser, mas que lhe suscitou alguma curiosidade. Como vinha longe, Tsu prosseguiu o seu caminho e como ia a partilhar os seus pensamentos com as estrelas quase não se deu conta da sua presença. Os seus pensamentos iam divididos entre aquela viagem rumo ao Sul, que não tinha sido planeada, mas isso não era novidade nenhuma, e o interesse por algo que tinha avistado, estaria perdido, estaria a percorrer, tal como ela, os oceanos sem um destino traçado e sem pressa de chegar a lugar algum…

O choque entre os dois não foi violento, foi suave, mas o impacto inesperado lembrou o acordar de um sono profundo e tranquilo, que dá lugar à surpresa de quando se vê alguém. Os olhos do ocupante daquela peculiar casquinha de noz com velas estranhas quase se confundiam com o azul do mar, pareciam uma extensão do próprio mar, mar esse que tem servido de abrigo e de companhia a uma onda pequena como Tsu. Por instantes, quando os seus olhares se fixaram, o tempo pareceu ficar suspenso, as palavras que não foram ditas, foram trocadas por aquele olhar que durou uma eternidade. Quando um dos dois decidiu falar, após uma breve apresentação, Tsu e Pirata de olhos azuis, como Tsu o apelidou, perderam a noção do tempo, pois envolveram-se nas histórias, aventuras e sonhos de cada um. Nenhum deles estava à espera ou à procura de coisa alguma, não tinham ninguém à espera em nenhum dos vários portos de abrigo, por isso quando se deram conta, já o manto de estrelas que tinha acompanhado a Lua naquela noite cheia estava a dar lugar a um dia que procurava pintar-se de azul tímido. Após um pequeno silêncio, uma nuvem lançou a pergunta e agora? Quase sem responderem e pensarem muito na pergunta e até nas respostas, começaram a viagem, sem pressas, sem fim à vista… Tsu olhou para aqueles olhos azuis e pensou, será que ganhei um companheiro de viagem? Não se prendeu muito na procura imediata de resposta, pois sabia que a resposta viria ter com ela… Quem seria aquele Pirata, que mistérios e tesouros pintariam o azul daqueles olhos?

11:53 da manhã  
Blogger Hannanur said...

Grande história! (risos)

Bom fds

11:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quando iniciaram aquela viagem, Tsu e Pirata de olhos azuis, continuaram os seus próprios trajectos, mas sem se perderem de vista. A ausência de compromisso com alguém, e, às vezes, até com eles próprios, levou-os a tomar algumas cautelas, pois não queriam interferir com a liberdade de cada um seguir a sua rota, nem tão pouco impor a sua presença. O cruzamento de caminhos tornou-se cada vez mais frequente, a presença no mundo de cada um começou a ser constante, os dias e noites de partilha foram sendo pintados com cores, que ultrapassaram as do próprio arco-íris! Ninguém queria falar, nem com as próprias estrelas, ninguém queria que o olhar o traísse e que esse olhar dissesse mais do que queriam…

Até os seus caminhos se terem cruzado, Tsu e Pirata percorreram oceanos, praias e portos de abrigo, umas vezes sozinhos, outras acompanhados, mas sempre com a ideia de que por esse mundo fora há luas, estrelas, peixes, e até corais, que pintam o céu de várias cores e que tornam o mundo mais sereno, mais feliz, mas também mais rigoroso, e por vezes, até mais triste, e que nos levam a ponderar que caminhos queremos seguir, que opções e decisões queremos tomar…

Num desses dias ou noites, a pequena onda sentiu que tinha de deixar de falar com o olhar, não sabia como, mas tinha que fazer alguma coisa, dizer o que lhe ia na alma não era o seu forte, mas o certo é que também não tinha nada a perder…Num dia azul em que Tsu e Pirata estiveram juntos, o quadro foi pincelado com cores de ansiedade e algum medo, mas nenhum deles foi capaz de abrir aquela porta do seu mundo… Nessa noite, foi com as estrelas que a pequena onda partilhou que se estava a perder nos olhos do Pirata, e que estava a apaixonar-se por ele! As estrelas não guardaram segredo, Tsu também não lhes pediu, e os olhos azuis do Pirata lançaram a mensagem pelas velas da sua casquinha de noz que o seu mundo também estava revolto…

Após aquela (in)confidência com as estrelas, os seus caminhos continuaram a cruzar-se, os seus olhares diziam que teriam que falar, que nada do que tinha sido dito às estrelas tinha sido em vão, e que não tinha sido um acto irreflectido, fruto de um devaneio qualquer, mas o olhar também dizia que naquele momento ainda não estavam preparados para entreabrir a porta… O dia em que as poucas palavras saíram, o nervoso miudinho de uma criança brindou aquele momento, ninguém prometeu coisa alguma, nenhum dos dois queria apressar nada, mas o passo já estava dado!

6:40 da tarde  

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